sábado, 22 de agosto de 2009

Entrevista: Léo Chaves (raveway)




















Como já está virando tradição, gosto que na primeira questão o entrevistado se apresente. Então, por favor, descreva como e porque você virou fotografo.

Olá meu Nome é Leonardo Chaves, fotografo desde que comecei a entender o que enxergava, isso faz uns 20 anos.Só por hoje.Profissionalmente atuo no mercado a apenas 3, antes de viver de fotografia, vivia de informática e posteriormente de design, mas isso já passou, graças ao bom senhor.

Como surgiu o Raveway?

Montamos o Raveway, Affonso e eu depois da decepção com um projeto que havíamos tentado dar nosso apoio. Saímos desse projeto por percebermos que nossa visão da cena eletrônica e suas oportunidades de negócios eram alinhadas entre si, mas diferentes da visão do resto das pessoas. Éramos público antes de estarmos do outro lado do balcão, tínhamos nossas necessidades e nossas sugestões, então, aliamos a nossa expertise à vontade de eternizar algo dessa cena que nos marcou, assim nasceu o projeto Raveway. Então não fui parar no Raveway, o Raveway é uma das engrenagens que possibilita a exposição de informações, arte e cultura dos que pensam e vivem como eu e como alguns.

Como e porque as festas de música eletrônica entraram na sua vida?

Por acaso... Tenho só quatro anos de freqüência em ambientes eletrônicos, curtia o som, mas como era muito dedicado ao trabalho acabava não indo aos eventos, até ir a primeira festa, e essa ser perfeita, logo depois ao primeiro festival, onde resolvi largar o emprego estável e viver de fotografia da cultura eletrônica.

Você já curtia, e passar a fotografar tais eventos foi consequência ou você não curte e só vai para trabalhar mesmo?

A resposta anterior meio que responde a essa pergunta, mas é impossível se falar de arte sem gostar do que se faz. Mas óbvio que nem tudo que clico é artístico. Hoje como vivo disso muito do meu material é comercial, mas não encaro como um trabalho só, senão seria impagável para os produtores, 24 horas de meu tempo durante o evento, mais as horas de edição, etc. Prefiro encarar como um hobby remunerado assim não me irrita fazer e publicar fotos que não gostaria de ter que fazer ou publicar.

Em uma rave, o que mais lhe chama atenção para ser fotografado? Quais as principais diferenças de fotos em eventos indoor e open air?

Só pra deixar claro, não vou a rave a mais de 1 ano desconsiderando os festivais, mas você deve estar falando das festinhas que freqüentamos. O que mais chama a minha atenção é a alegria, é o fator GENTE que tem nesses eventos, é quem ta lá de verdade se divertindo consigo mesmo, é de onde vem as melhores fotos. Evento indoor não é rave definitivamente, a diferença que vejo e fotografo nos indoor e nos open air é a entrega pessoal de cada um.

Leo antes de apertar o "click" da sua máquina, consegue visualizar a foto que você conseguirá? Sempre dá certo?

Ouvi uma vez de uma fotografa amiga, Simone Stoicov uma verdade, "Foto não se faz, se recebe", não da pra prever tudo na foto, só a iluminação e o enquadramento dos planos e tal, o fator GENTE é caótico e imprevisível por completo, sempre alguém no fundo fazendo algo que você não considerava como parte da sua foto, mas está lá e você só vê depois de clicar. O dia que eu conseguir prever tudo que vai estar no meu quadro enquanto fotografo uma festa eu largo a fotografia.

Em eventos de e-music os movimentos, acontecimentos, tudo é um tanto quanto rápido demais, como é para registrar momentos únicos e perfeitos como você vem fazendo?

É simples, basta você estar lá, realmente estar, ouvir o som, entender as pessoas, acompanhar os movimentos, viver os momentos da festa, as freqüências das pessoas de perto da caixa, as de longe da caixa, os casais, os doidões, os caretas... Tudo emana uma leitura qualquer, e todo mundo lê isso de uma forma ímpar. Minhas fotos são a transcrição dessas leituras psicodélicas que faço do meu jeito.

Percebo que muitas pessoas durante as festas ao perceberem que estão sendo fotografadas ou apenas que tem um fotógrafo por perto, ser tornam "exageradamente espontâneas" tudo para ter uma foto. Como você vê isso?

Eu não vejo, não fui lá pra fotografar essas pessoas...

Existem também pessoas que pedem fotos e simplesmente começam a dançar na sua frente também para parecer que foi algo "flagrado / inusitado"?

Tento ser gentil e educado na maior parte do tempo, não tenho porque negar a foto, por mais que não goste de ter que fazer uma foto assim, se a pessoa vai ficar feliz com isso, pra mim já ta valendo. Nego fica feliz e dança de verdade depois, sem perceber que eu estou olhando, aí sim faço a foto que queria ter feito e não publico a que me pediram pra fazer , e a vida continua.

Como você vê as pessoas que tentam e se acham celebridades do trance e vivem tentando aparecer, seja por foto, em comunidades ou nas próprias festas?

Vejo meio embaçado, não costumo ficar muito perto e eu uso óculos aí já viu ...Sempre teve , e sempre terão os deslumbrados, mas não atrapalha não , qualquer hora nego se entende consigo mesmo e deixa de ser assim...

Qual a historia mais engraçada que você já presenciou e registrou em fotos?

Porra tem inúmeras, mas eu nunca lembro...

Dá para ganhar a vida como fotografo ou hoje em dia esta arte ainda não é tão valorizada e você precisa de outro trabalho para ter uma renda completa?

Da pra ganhar a vida sendo qualquer coisa, se você fizer com dedicação, até ser cabeleireiro vai fazer você ter grana pra comprar seu helicóptero... Desde que tenha essa pretensão... Sou fotógrafo, feliz da vida. Ganho menos unidades financeiras do que quando trabalhava com informática, mas vivo absurdamente melhor e tenho precisado de menos grana, no fim das contas me sobra mais agora do que antes. O que devemos tentar definir bem pra nós mesmos é o que chamamos de "ganhar a vida".

Vlw Léo pela entrevista!

2 comentários:

  1. É um novo meio de trabalho que surge no meio da diversão, muito boa a sacada dele.

    Ótima entrevista

    BLOGdoRUBINHO
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  2. Sensato e Inteligente como ele só... E parabéns pela entrevista !

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